O Projeto Pérola, que completa 40 anos no próximo dia 18, contrabandeou um milhão de BÃblias para a China
Em plena Revolução Cultural na China, o Irmão André e outros parceiros da Portas Abertas ouviram inúmeros relatos e estatÃsticas sobre os cristãos que resistiam à forte perseguição do governo. Então, em viagem ao paÃs foram surpreendidos: “Em vez de um grupo pequeno, desanimado e derrotado de cristãos, encontramos uma imensa rede de milhões de cristãos - fortes, fundamentados em princÃpios, ousados, corajosos e, sim, perseguidos”, conta o fundador da Portas Abertas no livro “O Contrabandista de Deus desafiando os limites da fé”.
Uma delas era conhecida como Mãe Kwang, uma evangelista que já tinha passado três vezes pela cadeia, mas continuava a percorrer o sul do paÃs pregando, ensinando e organizando igrejas domésticas. A princÃpio, ela pediu 30 mil BÃblias para entregar aos cristãos que conhecia. Mas havia muitos outros pelo paÃs, por isso a cristã ousou sonhar mais alto e pediu um milhão de BÃblias.
O que foi o Projeto Pérola?
O Projeto Perola foi uma ação da Portas Abertas que aconteceu em 18 de junho de 1981. Nesse dia, um milhão de BÃblias foram entregues em Shantou para os cristãos locais, sob a promessa que fariam a palavra de Deus chegar a todos os cantos do paÃs.
A operação levou esse nome porque as Escrituras são como “uma pérola de grande valor” à qual se referiu Jesus na parábola em Mateus 13.45-46. E como o mercador, os cristãos chineses estavam dispostos a arriscar tudo pela “pérola” que é a palavra de Deus.
Os exemplares foram contrabandeados por meio de uma embarcação chamada Gabriella e chegavam à região pelos barcos de pesca. Naquela noite de 1981, um barco rebocador de 30 metros puxou uma barcaça carregada com 232 pacotes à prova d’água, cada um com uma tonelada — eram ao todo um milhão de BÃblias em chinês, uma carga de 232 toneladas. Os pacotes flutuantes que continham as Escrituras foram rebocados para a praia por pequenos barcos de borracha. A operação, idealizada pelo Irmão André, mudou a vida de muitos cristãos na China.
A embarcação chamada Gabriella foi a responsável por levar as BÃblias até a praia na China
Quem foram os cristãos envolvidos no Projeto Pérola?
Apesar da ação do contrabando de BÃblias ter envolvido muitos trabalhadores das bases da Portas Abertas, apenas 20 pessoas fizeram parte da tripulação. Eram cristãos dos seguintes paÃses: Filipinas, Austrália, Nova Zelândia, Holanda, Inglaterra, Canadá e Estados Unidos. Um deles foi Terry Madison, que diz: “Antes da viagem, meu trabalho era escrever todo o material para arrecadar os milhões de dólares que precisávamos para a missão – sem poder dizer o que estávamos fazendo! Isso foi um desafio. Como você pode levantar milhões de dólares e esperar que as pessoas enviem presentes sem dizer a elas o que você vai fazer? Mas nossos apoiadores contribuÃram e ainda enviaram presentes para que isso acontecesse”. Segundo o cristão, participar dessa grande aventura foi um privilégio e era um segredo que precisava ser guardado, por causa das questões de segurança.
Terry é o que está ajoelhado na frente, de barba, junto com outros cristãos que participaram da ação
“À medida que nos aproximamos cada vez mais, percebemos que isso era realmente sério, poderÃamos morrer ou ser presos ou perdidos no mar. Tenho certeza que todos nós tÃnhamos nossos medos e dúvidas sobre o que aconteceria quando chegássemos lá. Mas nenhum estava em dúvida sobre o fato de que deverÃamos estar lá”, revela. Todos queriam fazer parte daquele plano de Deus e contribuir para que as BÃblias chegassem ao destino.
Um chamado inesperado
Terry virou o cozinheiro da tripulação, mas esse nem sempre foi o plano dele. Um dia antes da viagem começar, pediram para que ele fosse com o cozinheiro comprar mantimentos. Todos a bordo recebiam um telefonema semanal dos familiares e, naquela semana, o cozinheiro ligou para a esposa e ela disse que ele tinha que voltar para casa.
“Eu tive a incrÃvel sensação de que o Senhor estava me dizendo que eu deveria me voluntariar para esta posição. Odeio cozinhar, não cozinho, não sei cozinhar! E então eu tinha essa batalha em meu coração. Descarregamos as compras, e o cozinheiro disse ao capitão que tinha que ir para casa no dia seguinte, e eu tive minha pequena luta com o Senhor”, compartilha Terry.
O capitão da embarcação Gabriella e um dos 20 tripulantes
Diante do capitão, Terry disse: “Vim me voluntariar. Eu entendo que você vai precisar de um cozinheiro. Tenho boas e más notÃcias. A boa notÃcia é que sou voluntário. A má notÃcia é que não faço ideia do que fazer”. A esposa do cristão estava a bordo por algumas horas e o ajudou no novo papel de cozinheiro. Ela disse: “Vou escrever menus para três refeições por dia durante uma semana”. E assim, ela tirou um grande bloco de notas amarelo e escreveu 21 receitas para um menu.
Como aconteceu a entrega das BÃblias no dia 18 de junho de 1981?
Naquela noite, a escuridão era completa e o mar estava calmo, ideal para o desembarque dos 232 fardos de BÃblias. Eles foram jogados ao mar e três barcos menores puxaram rumo à praia.
“Minha lembrança favorita da viagem foi a noite da entrega. Os cristãos chineses nadavam até a água chegar na altura do peito, e eu desamarrava a corda que estava presa ao nosso pequeno barco, e entregava as cordas que puxavam os pacotes para eles. AdorarÃamos estar na praia para realmente abraçá-los ou falar com eles, mas o toque pessoal e ser capaz de vê-los face a face e ver a emoção que eles tinham por esse enorme volume de BÃblias que estava chegando era simplesmente um prazer”, compartilha Terry.
Terry se sente abençoado por Deus por ter feito parte da “infusão da palavra de Deus na China”. “O Projeto Pérola me ensinou sobre a profunda paixão que os cristãos perseguidos têm pela palavra de Deus, e a fidelidade de Deus para levá-la à s pessoas por qualquer meio possÃvel. E o fato de ele ter nos usado foi seu dom para ver sua fidelidade de tantas maneiras”.
O cristão lembra das dezenas de riscos que correram caso fossem descobertos ou traÃdos, ou tivessem acidentes. “O Senhor estava supervisionando os bastidores e apesar de alguns dos momentos realmente difÃceis que tivemos em certos pontos, o Senhor estava lá para tudo”, diz o cristão.
Fazer parte do Projeto Pérola transformou a vida de Terry e dos demais tripulantes da ação
Na ocasião, todos perceberam o quanto Deus é fiel, principalmente quando isso se refere à distribuição de BÃblias. Nessas horas não há algo difÃcil ou impossÃvel. “Deus tinha esse coração para a China, e ele estava determinado a colocar essas BÃblias nas mãos de mais de um milhão de pessoas. E ele nos permitiu fazer isso. Nós aparecemos e contribuÃmos com nossas pequenas partes, mas Deus fez isso acontecer”, reconhece Terry.
“Para nós, pessoalmente, foi algo que edificou muito nossa fé. Pensamos: ‘Se conseguirmos fazer isso, qualquer outra coisa será pouco!’. Eu experimentei um nÃvel mais alto de fidelidade e confiança do que eu tinha antes. Ter feito parte desse projeto é mudar para sempre a maneira como você pensa sobre a provisão de Deus e o poder de trabalho milagroso e como ele cuida dos detalhes quando você nem sabia que eles eram uma necessidade”, finaliza Terry.
Amanhã contaremos a história dos cristãos chineses que receberam um milhão de BÃblias no Projeto Pérola. Fique ligado em nossos canais digitais e seja abençoado pelos testemunhos de nossos irmãos e irmãs na China.
Leve BÃblias para cristãos chineses
A realização do Projeto Pérola só foi possÃvel porque cristãos em muitos paÃses se mobilizaram para levar a palavra de Deus aos cristãos chineses. Você também pode fazer parte dessa aventura e nos ajudar nesse contrabando em prol do Reino. Com sua doação, você se torna um parceiro da Portas Abertas, passa a receber em sua casa os exemplares da Revista Portas Abertas e abençoa irmãos e irmãs em todo o mundo.
Fonte: Portas Abertas