Igrejas filiadas ao governo da China levam membros a obedecer o Partido Comunista
19º Congresso Nacional do Partido Comunista ChinĂªs, em 24 de outubro de 2017. (Foto: ReutersJason Lee)
Publicado em Terça-feira, 22 Junho de 2021 as 11:40
No dia 1º de julho, o Partido Comunista ChinĂªs (PCC) vai completar 100 anos e estĂ¡ fazendo uma sĂ©rie de seminĂ¡rios e uma grande campanha publicitĂ¡ria para marcar a data.
Durante o planejamento para as celebrações, as igrejas filiadas ao governo devem participar de vĂ¡rios eventos que buscam “glorificar o governo de partido Ăºnico” que tem perseguido as comunidades religiosas.
No mĂªs passado, a AssociaĂ§Ă£o CatĂ³lica PatriĂ³tica Chinesa, no distrito de Jiangbei, na cidade de Chongqing, realizou um evento chamado “GratidĂ£o e Louvor pela PeregrinaĂ§Ă£o do PCC em homenagem a Santa Maria”, de acordo com a organizaĂ§Ă£o americana contra a perseguiĂ§Ă£o religiosa, International Christian Concern.
HaverĂ¡ uniĂ£o entre Igreja e Estado?
Alguns membros da organizaĂ§Ă£o americana visitaram as igrejas de Chongqing que realizaram a “Missa da BĂªnĂ§Ă£o do PCC”, que aconteceu em forma de reuniĂ£o de adoraĂ§Ă£o, segundo relatos desses membros. O padre que realizou a missa, Ding Yang, declarou que “a Igreja deve unificar o amor ao Partido, ao paĂs e ao socialismo”.
“A igreja precisa falar ousadamente sobre polĂtica, ao mesmo tempo em que fala sobre a fĂ©, de acordo com a lei”, tambĂ©m disse o padre. Em 2019, o presidente da China, Xi Jinping disse praticamente o mesmo. “A essĂªncia do patriotismo Ă© ter amor unificado pelo paĂs, pelo Partido e pelo socialismo”, afirmou em reuniĂ£o realizada no dia 30 de abril.
“Deus escolheu o Partido Comunista ChinĂªs”, escreveu Liu Yuanlong, vice-presidente da CPCA e membro do ComitĂª Nacional da ConferĂªncia Consultiva PolĂtica do Povo ChinĂªs, numa nota de congratulações.
Depois, Liu citou ProvĂ©rbios 11.14: “Sem diretrizes a naĂ§Ă£o cai; o que a salva Ă© ter muitos conselheiros”, para mostrar seu apoio pĂºblico ao PCC. AlĂ©m disso, ele incentivou os membros da igreja a “ouvir” e “seguir” o partido liderado por Xi Jinping.
Antes da celebraĂ§Ă£o do centenĂ¡rio do PCC, as autoridades chinesas reforçaram a segurança em todo o paĂs, especialmente na capital, Pequim.
“A China foi transformada numa prisĂ£o”
De acordo com o Epoch Times, um cidadĂ£o chinĂªs protestou dizendo que “a China foi transformada numa prisĂ£o”.
Em 20 de março, 18 departamentos, incluindo o MinistĂ©rio de Assuntos Civis, o Departamento Central de Propaganda e o ComitĂª Central de Assuntos PolĂticos e JurĂdicos, lançaram em conjunto uma campanha especial de trĂªs meses e meio para “suprimir organizações sociais ilegais”.
A mĂdia estatal Xinhua informou que mais de 500 “organizações sociais ilegais” foram identificadas e colocadas sob investigaĂ§Ă£o. Sob a direĂ§Ă£o do Presidente Xi, os oficiais do PCC estĂ£o impondo controles rĂgidos sobre a religiĂ£o, de acordo com um relatĂ³rio da China Aid.
Vale lembrar que as igrejas nĂ£o cadastradas sĂ£o consideradas clandestinas e os simples cultos domĂ©sticos sĂ£o considerados “ilegais”. Os cristĂ£os, tanto em igrejas oficiais, quanto em igrejas domĂ©sticas, foram obrigados a hastear a bandeira chinesa e cantar canções patriĂ³ticas durante os cultos.
RepressĂ£o ao cristianismo
As autoridades na China continuam com sua forte repressĂ£o ao cristianismo, removendo os aplicativos de BĂblia e as contas pĂºblicas do Christian WeChat, Ă medida que novas ordens administrativas altamente restritivas contra funcionĂ¡rios religiosos entraram em vigor este ano.
Conforme a Portas Abertas, a China Ă© o 17º pior paĂs do mundo no que diz respeito Ă perseguiĂ§Ă£o aos cristĂ£os. AlĂ©m disso, a organizaĂ§Ă£o observa que todas as igrejas sĂ£o vistas como uma ameaça, caso se tornem muito grandes, muito polĂticas ou caso convidem visitantes estrangeiros.
O Departamento de Estado dos EUA classificou a China como um “paĂs de preocupaĂ§Ă£o especial por continuar a se envolver em violações particularmente graves da liberdade religiosa”.
Mas os cristĂ£os nĂ£o sĂ£o os Ăºnicos a enfrentar a perseguiĂ§Ă£o nas mĂ£os do PCC. As estimativas sugerem que de 1 a 3 milhões de uigures e outros muçulmanos Ă©tnicos foram submetidos a campos de “reeducaĂ§Ă£o chinesa” na provĂncia de Xinjiang, onde sĂ£o ensinados a serem “cidadĂ£os seculares que se alinham com o PCC”.
Em janeiro, o Departamento de Estado dos EUA reconheceu o tratamento dado pela China aos uigures como um “genocĂdio”. A China tambĂ©m teria violado os direitos dos praticantes do Falun Gong e budistas tibetanos.
Fonte: Guia me
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