Como incentivar o bom uso das redes sociais com seus alunos
Estimular que os estudantes sejam produtores de conteĂºdo faz com que eles tenham suas vozes ampliadas e se engajem em diferentes projetos e temas sociais
As redes sociais trazem uma infinidade de recursos que podem ser usados para discussĂ£o em sala de aula. O que Ă© bom, que pode ser usado como referĂªncia e o que Ă© ruim que deve ser visto com cautela e olhar mais crĂtico?
Com o avanço do uso de tecnologias e a presença de novas competĂªncias e habilidades previstas na BNCC (Base Nacional Comum Curricular), ter um senso crĂtico em relaĂ§Ă£o ao que estĂ¡ disponĂvel na internet faz parte do universo dos estudantes e acaba aparecendo no dia a dia da maioria deles.
Neste cenĂ¡rio, Ă© papel do educador promover o uso fortalecedor das redes sociais, ou seja, focado em entender tanto quem produz conteĂºdo e tem uma voz ativa capaz de influenciar diferentes contextos, quanto sobre quem consome e que tipo de conteĂºdo estĂ¡ sendo consumido. É saber aproveitar o que existe de melhor em ambos os casos.
Quem destaca isso Ă© Daniela Machado, coordenadora do EducamĂdia. Ela aponta que com a chegada das redes sociais ficou muito mais acessĂvel ter contato com cientistas, pesquisadores e escritores, por exemplo, e que esse contato direto pode gerar uma aprendizagem mais prĂ³xima sobre diferentes assuntos. Mas Ă© preciso saber filtrar, ressalta, o que sĂ³ acontece a partir de um processo de reflexĂ£o.
O professor MĂ¡rcio Gonçalves, coordenador da Semana da MĂdia na Escola e facilitador do EducamĂdia, insere a temĂ¡tica de redes sociais em suas aulas com turmas do ensino mĂ©dio. “Quando um professor traz um tema com discurso de Ă³dio, cyberbullying, ele estĂ¡ trazendo como se comportar no ambiente digital, porque afinal de contas a convivĂªncia dentro e fora da internet Ă© a mesma coisa”, aponta.
Resgatando o termo de “nativos digitais”, MĂ¡rcio afirma que os nascidos apĂ³s a dĂ©cada de 1990 podem atĂ© ter certa facilidade com o uso das ferramentas, mas isso nĂ£o significa que eles tenham total maturidade para usĂ¡-las.
O papel dos educadores, neste contexto, se dĂ¡ por meio de debates e conversas relacionadas ao tema, aponta MĂ¡rcio. Quando os estudantes se observam enquanto autores e nĂ£o apenas como consumidores de informaĂ§Ă£o, entendem os diferentes processos, ou seja, os bastidores daquilo que consomem. Quando acontece esse entendimento, os estudantes tornam-se capazes de, por exemplo, observar um vĂdeo de 30 segundos e entender que ele pode ter um viĂ©s ou ter sido editado, afirma o professor.
“A nossa proposta Ă© que comecemos a construir o entendimento que a qualidade do diĂ¡logo das redes, de qualquer meio, tambĂ©m depende de nĂ³s e somos responsĂ¡veis por isso”, afirma Daniela. Esses objetivos sĂ£o alcançados quando se percebe, por exemplo, que o estudante consegue identificar uma informaĂ§Ă£o de qualidade daquelas que nĂ£o sĂ£o.
No vĂdeo Quem tem Voz nas Redes, produzido pelo EducamĂdia, traz uma sĂ©rie de elementos que os educadores podem abordar ao tratar do assunto. Um exemplo Ă© a presença do selo verificado em alguns perfis de redes sociais. É importante explicar para o aluno, por exemplo, que ter o selo nĂ£o significa necessariamente que todo o conteĂºdo disponĂvel ali Ă© correto.
“A gente tem que cada vez mais pensar que somos responsĂ¡veis por essa curadoria. Tem muita informaĂ§Ă£o disponĂvel e isso Ă© bom, porque temos uma variedade de vozes e conteĂºdos. Mas Ă medida que esse volume cresce, aumenta tambĂ©m a nossa responsabilidade para entender que conteĂºdo Ă© esse e de que forma ele se relaciona”, comenta Daniela.
Ou seja, na hora de seguir alguĂ©m em uma rede social, por exemplo, o professor pode perguntar aos alunos quais seriam os critĂ©rios que os fazem seguir determinada pessoa. A coordenadora do EducamĂdia sugere que sejam avaliados tambĂ©m outras pessoas que seguem perfil semelhante, por exemplo.
Na posiĂ§Ă£o de autores e criadores de conteĂºdo, os estudantes viram protagonistas e recebem poder de decisĂ£o. Considerando o citado uso fortalecedor das redes sociais, ter essa voz Ă© uma maneira de amplificar diferentes temas e atĂ© mesmo começar uma atividade de engajamento com a turma.
“A gente pode gerar uma campanha, podemos fazer algum tipo de mobilizaĂ§Ă£o, convidando nossos amigos e seguidores… E nĂ£o precisa ser uma causa grandiosa, pode ser algo pensando no que a escola estĂ¡ precisando ou atĂ© causas mais sĂ©rias e mais urgentes como o enfrentamento da fome, por exemplo. Muita gente tem se mobilizado nesse sentido e as redes sociais foram um meio de amplificar isso”, afirma Daniela.
O professor MĂ¡rcio tambĂ©m aponta que durante as formações de professores que costuma fazer, procura incentivar que os educadores tambĂ©m sejam autores e criem conteĂºdo para suas redes. “Alguns professores tĂªm certa timidez em compartilhar o que sabem, o que nĂ£o Ă© bom para a educaĂ§Ă£o. Por que nĂ£o compartilhar o que estĂ¡ lendo, o que estĂ¡ assistindo?”, questiona.
Usar de maneira consciente e crĂtica as redes sociais Ă©, tanto para Daniela, quanto para MĂ¡rcio, uma forma de melhorar o ambiente digital e promover boas prĂ¡ticas. Daniel reforça que essa busca por entendimento sobre do que se trata a vida online Ă© importante para trazer maturidade aos estudantes e capacitĂ¡-los positivamente, incentivando a interpretaĂ§Ă£o e reflexĂ£o sobre a informaĂ§Ă£o.
*Porvir.Org/*EducamĂdia
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