Com mercado parado, montadoras discutem volta do carro popular
A justificativa atual Ă© a reduĂ§Ă£o das vendas de carros novos como consequĂªncia da queda do poder aquisitivo dos consumidores, dos juros elevados e crĂ©dito restrito e do alto custo dos modelos com maior tecnologia
Renault Kwid: atualmente, apenas dois carros Ă venda sĂ£o considerados de entrada. (Leandro Fonseca/Exame)
O retorno da produĂ§Ă£o de carros populares - ou de entrada, como sĂ£o chamados hoje - Ă© um dos temas que o setor automotivo estĂ¡ levando ao governo Lula. Grupo liderado por montadoras, empresas de autopeças e concessionĂ¡rias jĂ¡ manteve conversas com representantes do MinistĂ©rio do Desenvolvimento, IndĂºstria, ComĂ©rcio e Serviços (MDIC), comandado por Geraldo Alckmin.
A justificativa atual Ă© a reduĂ§Ă£o das vendas de carros novos como consequĂªncia da queda do poder aquisitivo dos consumidores, dos juros elevados e crĂ©dito restrito e do alto custo dos modelos com maior Ăndice de tecnologia e segurança - que tĂªm seu pĂºblico, mas em menor nĂºmero entre os consumidores.
O presidente da FederaĂ§Ă£o Nacional da DistribuiĂ§Ă£o de VeĂculos Automotores (Fenabrave), JosĂ© Andreta JĂºnior, afirmou que o setor precisa de escala; do contrĂ¡rio, nĂ£o consegue gerar rentabilidade, o que poderia abrir as portas para demissões no setor. Estudo da consultoria S&P Global mostra que as montadoras operam com quase 40% de ociosidade.
Ao divulgar nesta terça-feira o balanço de vendas do trimestre, Andreta disse que "o crescimento do setor tem de vir de baixo para cima e atingir o consumidor que, hoje, nĂ£o consegue mais comprar carro zero". A Fenabrave tem um banco de dados que serĂ¡ colocado Ă disposiĂ§Ă£o do governo para "ativar a produĂ§Ă£o (de carros mais baratos) no Brasil", afirmou ele.
Atualmente, apenas dois carros Ă venda sĂ£o considerados de entrada: o Renault Kwid, que custa R$ 68,2 mil, e o Fiat Mobi, a R$ 69 mil.
Conceito
Na semana passada, Antonio Filosa, presidente na AmĂ©rica do Sul da Stellantis - dona da Fiat, da Jeep, da Peugeot e da CitroĂ«n - tambĂ©m se mostrou empenhado na volta dos chamados carros populares. Em sua visĂ£o, Ă© necessĂ¡rio, primeiro, definir o conceito de carro popular que, para ele, Ă© pequeno, mais simples com menos equipamentos, mas seguro. Para baratear o preço, defendeu a reduĂ§Ă£o de impostos, definir os itens de segurança essenciais e baratear o crĂ©dito.
O conceito de carro popular, criado em 1993, estabeleceu alĂquota menor de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para carros com motor 1.0. "Mas, hoje, atĂ© carro com motor turbo ou aspirado tem motor 1.0", ressaltou o executivo, referindo-se a produtos mais sofisticados.
Segundo Andreta, a ideia Ă© que cada segmento dĂª sua contribuiĂ§Ă£o como ocorreu com o acordo automotivo feito nos anos 90, mas, acrescentou, ainda nĂ£o hĂ¡ propostas na mesa.
A discussĂ£o sobre a retomada do carro popular ocorre num momento em que montadoras começam a suspender a produĂ§Ă£o e a dar fĂ©rias coletivas aos trabalhadores por falta de demanda. Atualmente, hĂ¡ estoques para 40 dias de vendas.
O setor apostava na demanda reprimida nos Ăºltimos dois anos para resultados melhores em 2023, mas o juro alto, a inadimplĂªncia e a restriĂ§Ă£o de crĂ©dito travaram o mercado.
Embora a venda de automĂ³veis e comerciais leves tenha registrado em março alta de 56%, ante fevereiro (que teve menos dias Ăºteis) e de 16,6% no trimestre, com 436,8 mil unidades, Andreta disse que os nĂºmeros "nĂ£o refletem a realidade, pois estĂ£o mascarados pelo fraco desempenho de 2022".
*Exame/*informações EstadĂ£o
Postar um comentĂ¡rio
Obrigado por comentar! đŸ˜‰✌